CONCLUSÕES
O resultado do teste não paramétrico de Mann-Whitney apontou haver evidência suficiente para concluir que existe diferença estatisticamente significativa entre as medianas referentes às propriedades dos solos colapsíveis e expansivos, exceto no caso das variáveis porosidade e densidade real dos grãos devido ao quantitativo de dados nessas variáveis.
Banco de Dados de Solos Especiais (BANDASE)
o BANDASE resultou no repositório de dados geotécnicos pertinentes aos solos colapsíveis e expansivos, constituído por 267 e 259 registros, que correspondem a 130 e 107 referências bibliográficas, respectivamente;
constataram-se registros de ocorrência em todas as regiões do Brasil;
a Região Nordeste tem destaque no quantitativo de ocorrências, evidenciando Pernambuco como o estado com maior número de registros de ocorrência e de referências bibliográficas para os dois solos problemáticos;
os recursos proporcionados pelas ferramentas do Google foram essenciais para confecção do BANDASE, permitindo vislumbrar o aperfeiçoamento contínuo dessa base de dados ao longo dos anos, caso tenha uma boa aceitabilidade entre os usuários.
o resultado da análise estatística descritiva mostrou que as variáveis referentes às propriedades dos solos do BANDASE apresentam predominantemente características de dados não paramétricos, posto que não possuem distribuição normal;
perante o Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS), as medidas de tendência central classificaram os solos colapsíveis e expansivos nas categorias de solos grossos e finos, respectivamente. Quanto à textura, os solos colapsíveis foram classificados como areia argilosa (SC). Nos solos expansivos, houve dupla classificação, visto que a marcação no recurso gráfico ocorreu próximo à Linha A. Sendo assim, esses solos foram classificados como argila siltosa de alta compressibilidade (CH - MH). Tais classificações texturais foram ratificadas ao aplicar o sistema triangular da Mississippi River Commission;
em suma, a aplicação dos critérios de identificação dos solos colapsíveis e expansivos - Gibbs e Bara (1962), Vilar e Rodrigues (2015), Handy (1973), Lutenegger e Saber (1988), Jennings e Knight (1975), Vargas (1978), Chen (1965), Chen (1975), Daksanamurthy e Raman (1973), Jimenez Salas (1980), Rodriguez Ortiz (1975) e Seed et al. (1962) - resultou no enquadramento nas categorias mais críticas quanto ao comportamento colapsível e expansivo.
Sistema de Informação Geográfica de Solos Expansivos e Colapsíveis do Brasil (SIGSECBR)
os produtos cartográficos conseguiram externar as áreas suscetíveis ao colapso e à expansão do território do Brasil, podendo ser utilizado como material orientativo na fase de planejamento;
reforça-se que, em nenhuma hipótese, esses produtos cartográficos têm o condão de substituir os ensaios de campo e de laboratório;
no tocante ao condicionante climatológico, as suscetibilidades alta e média prevalecem na Região do Nordeste;
em relação aos solos colapsíveis, constatou-se que os elevados percentuais de suscetibilidade alta têm relação com a expressiva parcela de área do território nacional (31,7%) ocupada pela classe dos latossolos;
no que se refere aos solos expansivos, depreende-se que os elevados percentuais de suscetibilidade baixa estão relacionados com a pequena parcela de componentes da unidade de mapeamento constituídos por argilominerais do grupo 2:1;
a carta interpretativa resultante da aplicação de RNA para solos colapsíveis apontou suscetibilidade alta em 27,8%, média em 3,4% e baixa em 16,8% da área do território nacional. A ausência de comportamento colapsível equivale a 49,4%. Em relação aos solos expansivos, constatou-se suscetibilidade alta em 35,9%, média em 9,8% e baixa em 3,7% da área do território brasileiro. A ausência de comportamento expansivo representa 48,0%. Em ambos os solos, os corpos de água, as áreas urbanas e os registros incompletos correspondem ao percentual de 2,6%.
Reitera-se que a identificação dos solos colapsíveis e expansivos representa uma atividade complexa, visto que existem diversos fatores que influenciam o comportamento colapsível ou expansivo. Caso o objetivo seja obter uma maior confiabilidade e a mitigação dos riscos, sugere-se que o processo decisório seja pautado na análise conjunta envolvendo ensaios de campo, ensaios de laboratório e aplicação de critérios. Importante que tal análise seja realizada por profissionais que tenham experiência e conhecimento sobre as particularidades desses solos.
Painéis de Business Intelligence de Solos Expansivos e Colapsíveis (PABISEC)
os quatro painéis de BI elaborados neste trabalho apresentaram resultados esperados perante a tecnologia aplicada, dado que conseguiram transformar o grande volume dados, oriundos das operações de geoprocessamento realizadas nos documentos cartográficos, em informações relevantes pertinentes à climatologia, à pedologia e às suscetibilidades ao colapso e à expansão;
o painel do BANDASE proporcionou facilidade e rapidez no acesso aos dados geotécnicos atinentes aos solos colapsíveis e expansivos do Brasil, permitindo aos usuários realizar uma variedade de análises;
os painéis de BI proporcionam aos usuários facilidade na aquisição de informação, economicidade de tempo, visibilidade unificada de todo o conjunto de dados, qualidade da informação, acessibilidade mediante a computação em nuvem, interatividade dos painéis, análises em tempo real, dentre outros.
Aplicativo de Solos Expansivos e Colapsíveis (APPSEC)
dentre os resultados almejados, ratificam-se as hipóteses pertinentes aos aplicativos, posto que foram alcançados os benefícios quanto à agilidade, praticidade e utilidade. Baseados nos recursos de computação em nuvem, tais aplicativos permitem um rápido processamento de dados geoespaciais, fornecendo informações praticamente instantâneas ao usuário. Quanto à praticidade, são fáceis de usar devido a sua interface amigável. A utilidade fica configurada quando desponta como uma opção de ferramenta na etapa preliminar dos projetos de engenharia ao permitir a identificação de áreas suscetíveis ao comportamento colapsível e expansivo.
Ante todo o exposto, é possível afirmar que a importância deste trabalho está alicerçada em quatro pilares (BANDASE, SIGSECBR, PABISEC e APPSEC) que permite fomentar estudos para o avanço do conhecimento no que tange aos solos expansivos e colapsíveis.
Autor
Jesce John da Silva Borges