Conceito
Solos colapsíveis, ou meta-estáveis, são solos não saturados que experimentam um rearranjo radical de partículas e grande redução de volume quando inundados com ou sem carga adicional (CLEMENCE; FINBARR, 1981).
Outro aspecto que merece atenção diz respeito aos termos recalque e colapso. O primeiro consiste no movimento vertical descendente de um elemento estrutural, resultante da deformação do solo devido à aplicação de uma determinada tensão. O segundo também está relacionado com a deformação do solo, porém representa um fenômeno que ocorre após o recalque e sem aumento de tensão, oriundo da redução de sucção.
Conceito básico envolvendo recalque e colapso.
Características
Segundo Vilar e Ferreira (2015), existem algumas características predominantes que são indicativas da ocorrência de solos colapsíveis em virtude da variação de volume quando inundados. Tais características proporcionam indicações qualitativas acerca do caráter colapsível.
Características predominantes nos solos colapsíveis, segundo Vilar e Ferreira (2015).
Locais de ocorrência
Registros no mundo
De acordo com Vilar et al. (1981), algumas regiões do globo terrestre apresentam condições propícias para o desenvolvimento de solos colapsíveis. Nas regiões onde se alternam estações de relativa seca e de precipitações intensas, a lixiviação de finos dos horizontes superficiais origina solos de elevada porosidade.
Mapa geográfico referente à ocorrência de solos colapsíveis no mundo, segundo Vilar et al. (1998), Futai (1997) e Medero (2005).
Relação de países com ocorrência de solos colapsíveis no mundo.
Registros no Brasil
Em relação ao Brasil, a ocorrência de solos colapsíveis já foi verificada em todas as regiões do país, podendo ser destacados os seguintes estados: Amazonas, Pará, Tocantins, Piauí, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Paraíba, Bahia, Brasília, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul (FERREIRA, 2008; RODRIGUES; VILAR, 2013).
Ocorrência de solos colapsíveis no Brasil, modificado de Ferreira (2008), Rodrigues e Vilar (2013) e Santos et al. (2020).
Relação de países com ocorrência de solos colapsíveis no mundo.
Métodos de identificação
Perante a existência desses métodos, por meio dos princípios básicos utilizados por Schreiner (1987), Ferreira (1995) estabelece a divisão em dois grandes grupos: métodos diretos e indiretos.
Os métodos diretos consistem na medida do potencial de colapso do solo, prevendo deformações de colapso mediante ensaios edométricos. Os métodos indiretos baseiam-se na utilização dos índices físicos, dos limites de consistência e dos parâmetros ligados à textura, obtidos em ensaios de laboratório e campo, para indicar a potencialidade ao colapso estrutural e as informações orientativas.
Equipamento para medir a variação de volume em campo com controle da vazão de inundação, Expansocolapsômetro (FERREIRA, 1995; FERREIRA; LACERDA, 1993).
Métodos indiretos e diretos de identificação de solos colapsíveis.
Ensaios edométricos simples e duplo.
Problemas em obras de engenharia
Petrolândia-PE
Vasconcelos (2001) afirma que, durante o reassentamento de Itaparica, na cidade de Petrolândia-PE (1985-1987), várias edificações (incluindo casas, igreja, edifícios públicos, dentre outros) apresentaram sérios problemas de fissuras e trincas resultando, em alguns casos, a completa demolição para posterior reconstrução.
Danos em edificações devido ao colapso do solo.
Patologias resultantes do comportamento colapsível dos solos de Cabrobó - PE e de Petrolina - PE.
Cabrobó-PE e Petrolina-PE
No município de Cabrobó-PE, Ferreira e Vasconcelos (2008) constataram patologias nas edificações causadas pelos solos colapsíveis, constatado o aparecimento de fissuras diagonais acima e abaixo das janelas, em cima das portas das casas, escolas e outras edificações, bem como ocorreu o abatimento de piso nas bases das casas e fundações.
Em Petrolina-PE, Silva (2003) afirma que, no Conjunto Habitacional Privê Village (CHPV), das 14 (quatorze) casas construídas, 8 (oito) delas apresentavam fissuras bastante proeminentes que causaram desconforto e insegurança para os moradores.
Pereira Barreto-SP
Albuquerque Filho et al. (1997), citado por Rodrigues (2007), verificaram que, através de um monitoramento efetuado sistematicamente desde 1987 até o final do ano de 1994, foram observadas elevações no lençol freático de até cerca de 20 metros, induzindo desabamento de paredes de poços sem revestimento, recalques no solo e danos a edificações.
Patologias nas edificações localizadas às margens do lago Três Irmãos.